Susana Santana
Arquitecta
O traço académico e formativo risca artes, arquitectura e fotografia.
Os exercícios fotográfico, ilustrativo e digital da arquitecta e artista visual, exprimem todo um grafismo e geometria intuitiva que assumidamente, são influências da memória visual quotidiana, da arquitectura, do design gráfico, da nona arte – a banda desenhada – e de vários movimentos da arte pós-moderna.
Existe uma busca incessante pela desconstrução da forma, do espaço e da realidade; pela procura do detalhe até à intimidade, pelo contar de uma história que poderia ter sido ou da alteração da mesma, aos olhos de quem a vê. Fascina-a o movimento contínuo e simbiótico da percepção do espaço e do ambiente pelo indivíduo, que lhe confere significância e contextualização, muta e transforma novamente o indivíduo, voltando a engrenar o ciclo. Sente, logo existe.
Susana Santana criou o ssantana atelier, uma plataforma online e atelier multidisciplinar, onde serviços de Arquitectura e venda de Fotografia e de Ilustração de autor se diferenciam ou se conjugam física e conceptualmente.
O POSTER de Susana Santana
O poster faz parte da série de fotografias autorais This Is Personal, que explora a projecção da intimidade em terceiros. Vãos que transmitem particularidades da vivência do interior, paredes com marcas de tinta e de buracos que deram suporte a objectos pessoais de outros habitantes, colecções de clássicos usados vendidas em feiras de rua, janelas fechadas e gradeadas que gritam apartamento. Umas vezes intencionalmente pública, outras vezes involuntária ou sem conhecimento, quem passa por ou se depara com a exposição da vida de outra pessoa, acaba por criar uma ligação com uma realidade diferente, criando conceitos e histórias acerca do outro desconhecido. Ocasionalmente, um sentimento de desconforto pelo alheio.
O gradeamento maioritariamente vertical do vão de uma casa em Lisboa passa a ser uma negação, afirmada com o estore fechado e sublinhado de linhas horizontais. É um ´não’. Um pedido de silêncio. Uma separação. Um adeus. Que me remete ao poema de Fernando Pessoa ‘Não digas nada!‘.