Na This is Pacifica, o desafio é “tornar todos os dias diferentes”

É um dos ateliers de design mais premiados do país, contando com um Leão de Bronze nos Cannes Lions entre mais de meia-centena de distinções. Há 12 anos que trabalha “Online, Offline & everywhere in between” na senda do que “está por contar e fazer”. Falamos da This is Pacifica, onde a procura do novo e do risco dá vida a projetos transversais e diferenciadores.

Pedro Serrão, Filipe Mesquita e Pedro Mesquita falam a uma só voz do presente do estúdio, que fundaram para erguer todos os dias “um futuro melhor, e não apenas mais bonito.”

 


Os posters de realidade aumentada criados para a Surforma, da SONAE Indústria, deram à This is Pacifica a prata no festival europeu ADCE, em novembro do ano passado.



O “Forward Thinking” é a bandeira da This is Pacifica. O que é que significa para vocês ter um pensamento à frente do tempo em 2019?
Forward Thinking é um compromisso que assumimos desde muito cedo, e resulta em ter uma atitude, curiosidade e ambição pelo novo, pelo que está por contar e fazer.

É a partir do Porto que estão “Online, Offline & everywhere in between”. Onde quer que estejamos, que atributos distinguem o vosso trabalho e fazem com que ele seja imediatamente reconhecido, qual é, digamos, a vossa marca?
Não sabemos se temos um estilo, não fazemos por o ter, ou seja, mesmo que exista não é deliberado. O que nos move é criar com relevância a partir de um problema, envolvendo o cliente no processo de construção de uma solução conceptual que pode estar assente numa materialização que pode transitar between áreas, conhecimento e tecnologias. Existindo uma marca, queremos que seja sempre a do cliente.

A This is Pacifica é um dos estúdios mais premiados em Portugal, tendo inclusive arrecadado um Leão nos Cannes Lions. Como é que encaram as distinções?
Os prémios são um reconhecimento que se traduz em notoriedade no mercado e entre pares, mas que funciona também como uma responsabilidade de elevar o nível e a qualidade da resposta aos desafios que nos são colocados.

Em novembro, arrecadaram mais um prémio, desta feita no festival europeu ADCE, com um projeto para a Sonae Indústria. Em que é que consistiu este trabalho – que, curiosamente, tem a ver com posters?
A “Surforma Shaping Spaces Poster Series” é uma coleção de posters desenhada para apresentar as linhas de produto Surforma, a nova marca da SONAE Indústria dedicada à produção de laminados e compactos para construção e decoração de superfícies de construção e mobiliário. A partir do uso da tecnologia de Augmented Reality (AR), foi desenvolvida uma interação com cada poster de modo a dar a conhecer as características que definem cada produto de uma forma surpreendente. A coleção de 5 posters é impressa, em serigrafia, diretamente nos laminados Surforma. A interação AR é feita através da APP Surforma Shaping Spaces desenvolvida como uma experiência de extensão da coleção. A App está disponível para download nos sistemas IOS e Android.

Coca-Cola, NOS, Jerónimo Martins… o portefólio da This is Pacifica tem hoje inúmeros clientes de renome. Já lá vão doze anos desde que empreenderam este caminho. O que é está por detrás de todo este sucesso?
Consistência. Parece uma razão simples, mas é muito complexa quando uma estrutura de estúdio, que não se especializou numa área muito concreta, desenvolve projetos com exigências completamente distintas. Aceitamos esse desafio com o desejo de tornar todos os dias diferentes, em que provamos a nós próprios que podemos explorar e encontrar um profundo prazer em trabalhar sem rede de segurança.

Estão juntos desde 2007. É fácil harmonizarem as vossas diferenças? Como é que conseguem equilibrar-se?
Com uma grande admiração, entrega e respeito mútuo pelo que cada um consegue fazer. Trabalhamos em conjunto para acrescentar, para enriquecer e tornar em conjunto os projetos mais ricos, mais completos e simultaneamente os problemas mais fáceis e simples.

Que tipo de projetos vos dá mais gozo desenvolver?
Os projetos que nos dão mais gozo são aqueles que sentimos que solucionam de melhor forma possível um problema. Sentir que contribuímos para que uma marca, produto ou cliente sinta que o processo lhe dá confiança para ter uma personalidade mais forte e confiante. A confiança em soluções mais diferenciadoras e exploratórias de novos segmentos, territórios e comunicação são fatores ainda de maior satisfação porque temos a consciência que esse risco traz uma recompensa ainda maior.

Qual é a maior preocupação que orienta o vosso desempenho em cada projeto, no fundo, que é transversal a cada trabalho em particular?
Correndo o risco de nos repetirmos, é o de responder ao desafio a partir de um problema. Fazer de uma debilidade uma força. De um problema uma nova ambição.

Têm algum lema, alguma frase – dita ou criada por vocês – que seja uma inspiração no vosso dia-a-dia e reflita de certa maneira a vossa identidade?
“Forward Thinking”, pelas razões que já apresentamos. Começar os dias com a sensação de que podemos ajudar e contribuir para um futuro melhor (e não mais bonito apenas).


“Make Waves”, projeto gráfico desenvolvido para o Surf City Festival em 2018.



O POSTER já saiu da rua, mas continua vivo nas paredes da memória de quem passou por Marvila em setembro e outubro. Qual foi a inspiração por detrás do vosso poster e que mensagem queriam transmitir?
A intenção era a de abrir um diálogo a partir da contradição entre a rua como objeto de intervenção e o Poster como um frame de possibilidades. “No posters allowed” é uma provocação ao formato, ao local e ao espectador.

Como é que veem este tipo de iniciativa numa era em que o excesso de imagens tem vindo a roubar espaço e tempo à contemplação e introspeção?
A apropriação das ruas como áreas expositivas permite uma predisposição para uma releitura da morfologia, da espacialidade e do lugar que ocupam nas nossas vidas. É esta nova sensibilidade que O POSTER introduz nas nossas ruas na perceção da infinita possibilidade de expressões e interpretações.

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